sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Antigos poemas


Pensamento vago, entre a leitura de letras quase ilegíveis. Letras escritas em um caderno rasurado e com poucas folhas. Caderno simples que remonta os dias de chuva em que ia para a escola. Caderno que ficava na gaveta da parte de baixo do meu berço, onde os sonhos me faziam viajar, nas terras dos desejos impossíveis, mas que se faziam reais no sonho como algo tão natural, que parecia real de verdade, imortal.

Vou derramando as lágrimas novamente ao ler esse caderno. Pois, já havia chorado antes, quando li aquelas palavras pela primeira vez, enquanto eu mesmo escrevia em meio aos recreios da segunda série. Poemas desajustados, porém, que falavam muito dos amores de minha infância, das minhas pequenas loucuras de menino, das traquinagens, mesmo diante do medo, e dos momentos de saudades que já pesavam em mim em pequenas medidas.

Autor: Anobelino Martins

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Chapolin Colorado, meu herói


Meu herói tinha muitos medos, porém era muito corajoso, porque mesmo tendo medo enfrentava o perigo. Sempre antes de lutar contra o mal dizia: "eu vou, eu vou..." Como se quisesse uma desculpa para não ir. Porém, quando aproveitavam da nobreza dele, claramente não hesitava, ia à luta, enfrentava o medo, salvava os inocentes do perigo.

Meu herói não tinha grandes poderes, a sua força era a esperteza, mesmo não sendo tão inteligente. Dizia com muita firmeza: “A inteligência jamais será detida pela força bruta”. Sua marreta biônica era a sua arma principal, com ela ele fulminava os inimigos. As pastilhas de nanicolina deixavam ele menor do que já era, mas era a sua arma secreta, que garantia a vitória sobre os bandidos.

Meu herói além de salvar o mundo das forças do mal ensinava valores como a compaixão, a amizade, a bondade, o perdão... Defendia o bem, buscava a harmonia entre o mal feitor e a vítima, levava o bandido a se arrepender e a vítima a perdoar. Queria a paz e não a guerra, lutava quando já não tinha alternativas. O meu herói nunca matou ninguém, ele era o inverso, ao invés de matar o bandido, o salvava da vida criminosa. Ele buscava ressocializar os ladrões, que prometiam mudar de vida. Este foi o referencial de herói que tive durante toda a minha infância e até hoje. 


E o mais interessante, meu herói era como eu, carregado de falhas, de defeitos. Que se tremia enrolado embaixo do lençol com medo de fantasmas. Que batia na pessoa que pediu ajuda a ele. Que não sabia nem falar um ditado direito. Que atrapalhava mais do que ajudava, mesmo assim era sempre chamado: “Oh, e agora, quem poderá me defender?” Como me sentia orgulhoso quando alguém me dizia: "Você parece com o Chapolin Colorado!"

Caso fosse necessário ele era professor, astronauta, médico, pintor, dançarino, carregador, motorista, lutador de box ou karatê, até boneco de ventriloco se assim fosse preciso... Fazia tudo que fosse preciso para ajudar, mesmo quando não dominava o assunto, mesmo quando não sabia. Mas fazia, justamente porque os vilões não contavam com a sua astúcia.   

Em fim, meu herói era, é e sempre será o Chapolin Colorado. Confesso que quando era criança esperava com muita certeza que ele iria aparecer se eu dissesse: Oh, e agora, quem poderá me defender? Ele nunca aparecia quando eu chamava, mas sabia que na televisão, no canal do SBT, eu iria acha-lo.

Você é o máximo, Chapolin!

Autor: Anobelino Martins
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