sábado, 12 de abril de 2014

A cheia de 2000 e 14 anos de abandono

Folheando as páginas do jornal impresso da Gazeta de Alagoas encontrei um texto com um titulo bem familiar: “A cheia de 2000 e 14 anos de abandono.” Logo percebi que o texto do Jornalista Severino Carvalho estava se referindo a cidade de São Luís do Quitunde. Não há como não pensar diferente já que enfrentamos no ano 2000 uma enchente devastadora, e venhamos e convenhamos, de lá pra cá a cidade não avançou, ao contrário estagnou e continuamos no mesmo ponto de 14 anos atrás.

Segue o texto do Jornalista Severino Carvalho extraído do Jornal impresso da Gazeta de Alagoas.

São Luís do Quitunde – Abandonado, o prédio histórico da Escola Estadual Messias de Gusmão é um monumento em pandarecos à insensibilidade e ao descaso do governo do Estado. A unidade de ensino foi desativada durante o rigoroso inverno de 2000, quando parte do teto desabou. O imóvel acabou condenado ao esquecimento por 14 anos seguidos.


Pelas bancas da Messias de Gusmão já passaram dois ex-governadores (Divaldo Suruagy e Lamenha Filho) e a maioria dos quitundenses que hoje possui entre 40 e 50 anos de idade. São pessoas a exemplo de dona Maria de Fátima Medeiros que, além de estudar, trabalhou na escola como merendeira.

 Fátima nutre um misto de saudade e revolta quando se refere à escola. Postada em frente ao combalido prédio, onde o filho comercializa lanches em uma barraca sobre a calçada do entorno, ela recorda a fase áurea da unidade de ensino, em contraste com a atual situação de abandono.
“Eu lembro que essa escola tinha o piso de madeira, as salas eram bastante amplas e tinham uns janelões”, lembra Fátima. Para ela, o governo do Estado já deveria ter tombado e restaurado o imóvel, construído em 1923, na Avenida Doutor Fernando Sarmento.
O cadáver empedernido da Escola Estadual Messias de Gusmão resiste ao tempo, tomado pelo mato. Do prédio, restam as paredes trincadas e a fachada desbotada. Nas calçadas, nem sinal dos estudantes. Comerciantes instalaram barracas para vender de lanches até CDs e DVDs piratas.
A escola só é lembrada na época das campanhas eleitorais. “O palanque das autoridades fica logo ali, em frente. Aí, o político grita de lá e aponta: ‘quando eleito, vou restaurar aquela escola’. Mas entra governador, sai governador e a escola continua assim: abandonada”, criticou o carpinteiro Amós Domingos de Souza, 56.

Nos fundos da escola, jaz o mobiliário que um dia foi utilizado no interior da unidade de ensino: um amontoado de cadeiras e bancas apodrecidas e enferrujadas. Moradores da região reclamam que o acúmulo do material em decomposição atrai insetos e outros animais indesejáveis.

A Escola Estadual Margarida Pugliesi acabou absorvendo todo o alunado da unidade Messias de Gusmão. Única escola da rede estadual no município, o estabelecimento de ensino convive com a superlotação e problemas estruturais comuns à maioria das escolas que fazem parte da 10ª Coordenadoria Regional de Educação (10ª CRE). SC ‡

Anobelino Martins
Twitter: @Anobelino
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