segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O herói da cidade de Quitundecity – Último capítulo


Houve um momento de silêncio quebrado por Seu Bigodão:

- Quem é você para vir me dar ordens?

Seu Sebastião gritou:

- Ele é aquele homem que está sempre jogado na calçada do meu bar!

Olhando para o Seu Sobrinho Sebastião interroga-se:

- O que ele pensa que vai fazer?

Confiante o misterioso homem falou:

- O senhor tem três segundos para colocar a sua arma no chão e as mãos na cabeça.

Bravo, Seu Bigodão saca a sua arma e quando já ia apertando o gatilho, o homem misterioso, mais rápido acerta o Seu Bigodão com um tiro no braço, fazendo-o jogar a arma no chão. Mais bravo que nunca, seu Bigodão berra:

- Você não pode fazer isso, quem manda nessa cidade sou eu!

O homem chegou próximo ao seu bigodão e falou:

- Eu não quero mais te ver aqui nem mais um minuto.

Seu bigodão se levantou bruscamente e riscou a sua peixeira no chão e mesmo ferido foi com muita raiva para cima do nosso herói. Ele, porém reagiu dando vários tiros nos seus pés lhe fazendo dançar. Seu Bigodão deixou a cidade correndo e aos poucos o povo foi voltando saldando o herói que os salvou de tamanha desgraça.

- Viva o nosso Herói! Viva o herói da cidade de Quitundecity! Viva!

Logo, o Prefeito Raimundo se adiantou em receber o jovem rapaz em sua casa, deu-lhe simbolicamente a chave da cidade e depois de umas três horas e meia de discurso diante do povo quitundecitente falou ao nosso herói:

- O povo da cidade de Quitundecity tem uma dívida eterna com o senhor e a gora o povo pede que você fale, nós querem conhecer o herói que salvou a nossa tão amada cidade!

Um pouco sem jeito o herói da cidade de Quitundecity falou ao povo:

- Não sou herói, tão pão pouco sou melhor que vocês. Não sou estrangeiro, por que vocês sempre me viram o tempo todo aqui, sentado na calçada, mais só agora vocês estão olhando para mim, vocês sempre me viram mais não me olharam! O grande erro das pessoas e verem e não olharem, as pessoas vêem com os olhos mais não olham com o coração. Não tenho super poderes, a não ser o dom de compor melodias e poesias. Não sou o bom, pois bom só o Pai que está no céu. Sou apenas um ser humano, um ser humano que se perdeu na vida como todos vocês um dia se perderam, como se perdeu o Delegado, o Padeiro, o Prefeito, o dono do casebre e até mesmo o Seu Bigodão. Sou apenas um ser humano que quer ter o direito de ser humano.

Todos olhavam atentamente para ele, ele parecia que estava desabafando, falando da essência da vida, não só da sua vida, mais da vida de todos, ele falava da vida em si.

Ele continuou:

- O que eu represento para vocês agora? Um herói talvez? Mas e antes? O que eu representava? Não era um indigente que estava à mercê de suas mazelas? Sim, um indigente a mercê de suas mazelas! Quem aqui não tem algum mal na vida? Sim, todos têm! Sou um ser humano. Estava sempre jogado na calçada não por que estava bêbado ou aluado, como muitos pensavam, estava deitado na calçada para conhecer melhor o coração humano, para conhecer melhor o meu coração.

Dizendo isso ele saiu dizendo:

Agora tenho que ir, tem muitas calçadas que ainda estão vazias nesse mundo a fora!

Gritando, o povo dizia:

- Qual é o seu nome?

Olhando para o povo ele falou:

- Meu nome é Trinquinha!

Dizendo isso ele foi embora e o povo ficou reflexivo, queria entender melhor o misterioso homem, mais algo daquele herói deixou as suas mentes marcadas para sempre, eles sabiam quem era ele... Ele era apenas um ser humano!

Autor: Anobelino Martins

Um comentário:

  1. "Eu creio que essa pessoa quer encontrar um lugar na sociedade como um ser humano,ou seja, ser tratado como gente."

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